VÔO

Alheias e nossas as palavras voam.
Bando de borboletas multicores as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas, as palavras voam.
Voam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as palavras voam.
E as vezes pousam.

(Cecilia Meireles )

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

IDEAIS

Ideais,
são joias preciosas
aprisionadas
no baú da existência.
Valores,
são tesouros depositados
no mar das vivências.
A fusão desses elementos,
enobrecem,
viviFicam e
sustentam...

                   Rosi Pinheiro

CICLOS

Passado e presente,
não são fases..
Passado e presente,
são fatos concretos,
que abalam,
que alegram,
que embalam,
os sonhos futuros...

                        Marlise

VIDA

Viver é pedir
perdão.
Viver é ser
irmão.
Viver é reviver
no tempo,
no ato,
na ousadia
e na emoção.

                    Maria Regina

CONSTATAÇÃO

Os dias passam,
a vida fica.
O mundo gira,
os dias morrem.
O homem sonha,
o bicho age.
A alma eleva,
as ações calam.

                         Carmem Regina M. Martins

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

INTIMIDADE

E a moça com medo de ficar nua
Poesia não escrevia...
Mas no aconchego da noite,
Cedendo as pressões da lua
Aos poucos se despia...
Palavras sussurradas,
Sentimentos sem sentido,
Frases murmuradas,
Coração acelerado.
E a moça,
 já perdida,
Consuma o ato .
E a moça,
Totalmente exposta,
Contempla sua obra.
E a moça,
Finalmente entregue,
Mostra ao mundo sua cria...
Seu nome...
 “POESIA”!!
Vera Machado


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Literatura Recomendada

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Cavalgando o Arco-Íris
Pedro Bandeira

Neste livro o pequeno leitor encontrará versos sobre as suas experiências, alegrias, esperanças, e até mesmo sobre aqueles momentos em que sentiu medo e revolta contra alguma coisa – o chatinho do irmão menor, o medo do escuro, os primeiros namoros, entre outros. Recomendado para crianças de 8 a 9 anos.

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Sobre reis, ratos, urubus e pássaros
Rubem Alves

Lançamento da obra de Rubem Alves, que compreende duas histórias infantojuvenis cheias de fantasia e lições de vida. Neste livro, o autor apresenta o conto ‘Os reis e os ratos’, um rei que é apaixonado por queijo faz de seu país famoso devido ao laticínio. Mas um grande problema está por vir, pois onde há queijo, há ratos. Em ‘Os pássaros e os urubus’, o autor traz uma parábola ecumênica sobre as criações de Deus.

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O Casamento de Monalisa e o Aleijadinho
Elias José

Infantil inedito do escritor Elias José, falecido em 2008, que trata da obra de arte italiana, um escultor de minas gerais, mais alguns gatinhos e um ou dois casamentos. Mas que história é essa? Para entender o que uma coisa tem a ver com a outra, é preciso conhecer Daniel e Aninha. Esses dois irmãos e seus novos amiguinhos estão pronto para começar a diversão.

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O Peixe Azul
Gabriel Chalita e Mauricio de Sousa

Livro conta a história de um peixe azul que mora num ribeirão adora ouvir os humanos que vão ate lá na beiradinha para conversar. Principalmente as lições de um pai que explica as coisas do mundo ao filho, e fala sobre seus perigos. A criança que escuta atentamente é Chico Bento. O peixinho escuta atentamente os conselhos sobre o perigo das águas, mesmo em um ribeirão pequeno, ainda na nascente, mas que pode repentinamente se tornar violento.

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O presente especial
Max Lucado

Para o público infantil, mais uma obra do ilustre Max Lucado. Ilustrado pelo consagrado norte-americano David Wenzel, integra a série Você é Especial. Desta vez, cada um dos habitantes da aldeia de Xulingolândia ganha o seu presente ideal. Marcinelo, que adora construir, ganhou um martelo. Sua amiga Lúcia, que ama pintar, recebeu um pincel e um quadro de pintura. Mas quem enviou os presentes?
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Fala, menino!
Luis Augusto

Uma turma de amigos, dentre os quais alguns com necessidades especiais, todos crianças, que falam sobre necessidades especiais, negritude, amizade, respeito às diferenças, ecologia e a vida de maneira divertida e inteligente. O livro trata de diferenças físicas ou sociais, de superação de limites, de inclusão, de responsabilidade social com a naturalidade das lições que apenas a infância sabe dar.

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O Menino da Terra
Ziraldo

Conta a história de Nan, que significa ‘menino’ no idioma chinês, o galactomenino do planeta Terra. Apesar de viver além do milésimo século, de a humanidade já contar com todo o progresso imaginável e de dispor de tecnologia avançada, ninguém ainda havia descoberto uma maneira de driblar a morte e a destruição.

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Bruxinha Zuzu e o Gato Miú
Eva Furnari

O livro conta a história da Bruxinha Zuzu e de seu amigo, o gato Miú, que é um bichaninho exageradamente dramático, trágico, sentimental e medroso, além de envergonhado. A história é contada com desenhos e não com palavras e o assunto do livro é um pouco atrapalhado, mas a culpa não é da autora, e sim da personagem. Já a personagem diz que a confusão não é dela e sim da bendita varinha mágica.

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Carol
Laerte

Novo livro infantil de histórias em quadrinhos do Laerte, conta as peripécias da menina dotada de inteligência rápida, atitude, humor e da alegria particular a uma infância bem vivida. Uma leitura que busca fazer com que o leitor pense sobre a própria vida, no modo como ela cria e recria as coisas para poder entender o que a cerca – sejam pirâmides do Egito, os castelos medievais ou as experiências para a feira de ciências.

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A Menina que Pensava Demais: Diário de uma ET
Tati Bernardi

Ser aceito pelo mundo, aceitar a si próprio, se sentir incluído, parecer alguém de verdade. Joana vive em seu dia a dia o drama de se sentir diferente. Igualzinho às outras meninas da sua idade. Uma pessoa que tenta encontrar o seu lugar neste mundo. E, em sua trajetória, às vezes pensa que não é deste mundo. Ou que neste mundo não existe lugar para ela.


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Almanaque Maluquinho – Esportes Radicais
Ziraldo

O álbum traz histórias em quadrinhos em que o Menino Maluquinho e sua turma vivem aventuras muito divertidas no mundo dos esportes radicais. E não para por aí. No intervalo entre uma HQ e outra, o Maluquinho apresenta matérias contando curiosidades sobre surfe, skate, bicicross, montanhismo entre outros esportes, que permitirão ao leitor aprofundar-se no universo dos esportes radicais.
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João e Maria
Ruth Rocha

Da coleção Conta de Novo, a série reúne alguns dos mais populares contos de fadas, recontados por Ruth Rocha de maneira simples, mas encantadora, de forma que as crianças bem pequenas possam acompanhar a narrativa. As bonitas ilustrações e o formato grande criam um clima especial e envolvente.

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A Fantástica viagem do pequeno cidadão
Januária Cristina Alves

O livro é baseado nas canções do CD “Pequeno Cidadão”. Ao transformar cada faixa musical em personagens de um mundo fantástico, a obra retrata tudo aquilo que uma criança precisa saber para ser realmente um pequeno cidadão: amor, respeito à natureza e aos animais, as primeiras noções de higiene, educação e cidadania, esportes, lazer, obrigações e diversos detalhes do universo infantil.

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Só Para Garotas
Juliana Foster

Em “Só para garotas – como ser a melhor em tudo” as dicas são as mais diversas e englobam várias áreas de interesse. Os capítulos são, na verdade, ensinamentos que começam sempre com a palavra “como”. Assim, a pequena leitora vai aprender sobre etiqueta, vida animal, sobrevivência, beleza, relacionamentos, etc. Recomendado a partir de 8 anos.

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Só Para Garotos
Dominique Enright e Guy Macdonald

“Só para garotos – como ser o melhor em tudo” segue a mesma linha do livro anterior, ou seja: um manual repleto de sugestões e lições nas mais diversas áreas, como por exemplo: etiqueta (como dar nó em gravata), experiências, brinquedos, jogos, esportes, escotismo (como fazer uma fogueira de acampamento), etc. Recomendado para crianças a partir de 8 anos.

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A história da menina e do medo da menina
Luciene Regina Paulino Tognetta

Uma menina e seu medo: não é história de arrepiar, mas sim pra pensar nos medos que todo mundo tem e em como a gente se sente quando nos tratam como alguém diferente… A história da menina e do medo da menina aborda o tema bullying, e acompanha atividades especiais e um fascículo destinado a pais e educadores.

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Aconteceu com Aline e Lucas
Eliana Martins

História de uma criança que (re)escreve, desejando saber mais sobre sua origem, seu passado de criança que nasceu sem ser planejada. Diego queria compreender a ausência do pai, os silêncios da avó e da mãe cada vez que insiste em saber mais sobre sua própria história.
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Lino
André Neves

Lino é um porquinho e vive numa loja de brinquedos. Neste livro, você vai conhecer a história de amizade entre ele e Lua, uma coelha branca com uma luz que acendia em sua barriga. Um dia, Lua desaparece da loja de brinquedos e Lino tem uma grande surpresa.
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  O menino entregador de jornal
Dav Pilkey

Enquanto toda a cidade ainda dorme, o protagonista desta história sai em sua bicicleta, acompanhado do inseparável cão, para distribuir o jornal diário. Depois, quando todos acordam, é a vez de ele se deitar. Assim como o garoto, Pilkey adorava a sensação de serenidade e liberdade ao pedalar nas madrugadas frias e escuras.
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A menina que falava bordado
Blandina Franco e José Carlos Lollo
 
Este livro conta a história de uma menina muito calada. Mas ela não era calada porque era triste ou não sabia falar. Era quieta, pois achava muito mais divertido bordar do que falar e achava que seus bordados explicavam direitinho os seus muitos pontos de vista. Está imaginando como isso é possível? Descubra lendo.
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ABC do Espantaxim
Dulce Auriemo

A “Coleção Bebês” – que além do ABC do Espantaxim conta também com os livros Cores do Espantaxim” e “123 do Espantaxim” – contribui para a educação Infantil incentivando o princípio da alfabetização e o desenvolvimento do vocabulário. Apresenta o ABC, as cores e os números através de figuras e palavras, com a presença dos simpáticos personagens. Indicado para crianças de 0 a 3 anos.
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Lina e Lero e o Castelo Mágico
Ana Cristina Vieira

O livro bilíngue (português e francês) que estimula o aprendizado de uma segunda língua, conta a história de duas joaninhas que residem na praia de Ipanema vivem uma aventura. Lina é uma joaninha entusiasmada, criativa e aventureira. Lero já tem um outro ritmo. Os dois amigos voam procurando um tal castelo de areia que seria mágico.
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Onde Esta Wally? A Incrível Busca Aos Papéis
Martin Handford

Wally lançou a um desafio. Conforme viaja por fantásticos mundos de dinossauros, soldados, palhaços (e mais), ele deixa cair um pedacinho de papel em cada cena. O leitor deverá então encontrá-los, além de resolver também centenas de outras coisas para testar a capacidade de observação. Woof, Wenda, o Mago Barbabranca e Al Capote encararão o desafio com os leitores. 

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Benquerer bem amar
Elizete Lisboa

Livro escrito em tinta e braile conta a história de Florice, uma pata preta e bonita. Ela mora numa fazenda; come milho na mão de menino; nada no lago, junto com o pato. Um dia, uma novidade – O primeiro ovo. Depois, uma dúzia de patinhos. Aquelas vidas pequeninas enfeitam e alegram a fazenda. Vivendo as alegrias do seu dia a dia, os patinhos logo percebem que o mundo não é só bonzinho não. O mundo vive aprontando. Põe estrondo nas tempestades, prega enormes sustos na gente.


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Abra e divirta-se – O Bosque
Tony Wolf

Neste livro, o leitor fará diversos passeios pelos caminhos do bosque, e nele encontrará amigos que buscaram ensinar muitas coisas novas. Este box contém 12 livros (formato 10×08) com 08 páginas cada um. Recomendado para crianças a partir de 3 anos.
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Acorde o Sol, Don Aderbal!
Monika Papescu

Em algum lugar do mundo, uma cidadezinha se vê privada da luz e do calor do Sol porque Don Aderbal de la Crista Roja, o galo, canta muito fraco, e seu ‘cocoricó’ não acorda o astro-rei. Autoridades do lugar, tentando resolver o impasse, apresentam sugestões que não dão certo. A situação do galinho se complica, pois todos se voltam contra ele. Ameaçado de virar canja, Don Aderbal acaba sendo salvo por Duda, menino que apresenta uma solução simples e eficiente para a situação.
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Agora não, Bernardo
David Mckee

Bernardo queria avisar aos pais que na casa havia um monstro, mas eles não tinham tempo para ouvi-lo, e nem perceberam quando o menino acabou sendo devorado. Este livro tenta retratar com humor, a indiferença dos pais pelo filho. Recomendado a partir de 6 anos.
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Caderno de viagens da Pilar
Flavia Lins e Silva

Depois de seu Diário na Grécia, Pilar convida o leitor a escrever seu próprio Caderno de Viagens. Nele você vai fazer a viagem dos seus sonhos, criar personagens e histórias incríveis, anotar as comidas mais estranhas que provou, as palavras que aprendeu em outras línguas, os animais diferentes que viu…
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Morango Sardento
Julianne Moore

O livro traz a experiência de infância da autora, a atriz Julianne Moore. A edição conta com a participação de outras duas atrizes – Fernanda Torres assina a tradução e Debora Bloch – que também foi um ‘morango sardento’ – escreveu o texto de quarta capa. Envergonhada pelo apelido de ‘morango sardento’, a protagonista experimenta até tomar banho com suco de limão para tentar eliminar suas sardas. A autora conta como fez de tudo para se livrar não só das pintinhas, como da autorrejeição.
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Contos de Fadas
de Perrault, Grimm, Andersen & outros

Uma charmosa edição de bolso, para acompanhar pais e filhos pelo resto da vida. Em um só volume encadernado, as mais famosas histórias infantis, em suas versões originais , sem adaptações, de Grimm, Perrault e Andersen, entre outros. Nesses contos de fadas, bruxas, princesas, encantamentos e finais felizes.
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O livro de Nina para guardar pequenas coisas
Keith Haring

Indicado para crianças a partir de 3 anos, o livro é um objeto pessoal para desenhar, pintar, colar adesivos, folhas, fotos dos amigos, lembranças de um dia no circo e até pensamentos – desde que sejam pequenas coisas. Publicado agora em fac-símile, a edição brasileira conta, ainda, com um depoimento de Nina Clemente, 22 anos após ter ganhado o presente.
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Meu vizinho é um cão
Isabel Minhos Martins

Uma menina que morava num prédio onde ‘quase nada acontecia’ tem sua vida transformada quando começam a chegar novos moradores aparentemente esquisitos – como um crocodilo que gosta de dar presentes. A menina logo se afeiçoa aos bichos, enquanto seus pais ‘torcem o nariz’. Recomendado para crianças de 3 a 9 anos.


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Uma história de Pinguim
Antoinette Portis

Edna vive em um lugar onde só há o branco da neve, o azul do mar e o preto do céu. Ela mesma, pinguim que é, parece toda pintada de branco e preto, assim como seus amigos. Mas ela não se conforma com uma paisagem tão pobrinha. Tem certeza e aposta que existe, sim, “alguma outra coisa”.
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Bafinhaca – uma bruxa de hábitos sujos
Kaye Umansky

Bafinhaca é uma bruxa particular. Como já deixa claro o subtítulo deste livro, ela não tem apreço pela higiene: não gosta de tomar banho e adora um cheirinho de podre. Sua casa, roupas, a comida, tudo o que a cerca leva um toque especial de nojeira. Taburaraca, sua melhor amiga, não gosta muito dos hábitos de Bafi, e vive brigando – e fazendo as pazes – com a colega. Primeiro volume de uma série com muito humor, sobre uma bruxa cheia de personalidade e maus hábitos.
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A Casa Assombrada
Kazuno Kohara

Uma menina diferente descobre que sua nova casa, em um bairro afastado da cidade, também não é muito normal – na verdade, é assombrada! Mas ela não vê problemas nisso; bruxinha que é, sabe perfeitamente caçar fantasmas e dará as mais inusitadas utilidades para eles, de toalha de mesa a cortina de chuveiro. Com colagens em papel branco e linogravuras nas cores do Halloween, conta uma história de “assombração” ao inverso, mostrando que a melhor maneira de lidar com os medos é brincando.
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O homem que coleciona livros que recolhe do lixo

por Kelly de Souza


 



Seu nome é José Alberto Gutiérrez. Todos os dias ele dirige um caminhão de lixo em Bogotá, e com seus ajudantes despeja grandes latas no caminhão. No meio das latas existem caixas e dentro das caixas José, de repente, encontra um exemplar de Anna Karenina, de Tolstói. Ao remexer melhor a caixa encontra outros livros, que retira do caminhão e os leva para sua casa. No dia seguinte, uma nova jornada e José encontra, em outro endereço, uma outra lata de lixo, uma outra caixa e outros livros. Ele já reconhece facilmente esse tipo de “entulho”, e novamente os leva para casa.  “Então comecei a perceber que os cidadãos de Bogotá costumam livrar-se dos livros que não querem e os jogam no lixo”, explica José.
Convidado especial da Feria Internacional del Libro de Guadalajara, México, José falou sobre os mais de 12 mil livros (aproximadamente cinco bibliotecas) que conseguiu juntar desde 2000.  Segundo o jornal Clarin, que cobriu o evento, o catador de lixo, digo, de livros, parecia estar um pouco desconfortável na cadeira que já havia sido ocupada no evento pelo autor brasileiro Paulo Lins (Cidade de Deus), ou por Jean-Marie Gustave Le Clézio, autor de Diego e Frida (2010) e Nobel da Literatura em 2008, entre outros. José sentou-se com humildade, pediu uma simples Coca-Cola ao garçom, e ficou constrangido com os fotógrafos. Não está acostumado a nada disso, e ficou embaraçado com os aplausos na entrevista, onde explicou como surgiu a ideia de encher o primeiro piso de sua casa com livros encontrados pelos lixos da cidade.

“Minha mãe lia para mim, nos acostumou a ler. Não eram muitos os livros que tínhamos, eram como folhetos de estudo onde havia histórias, fabulas… e todos esses continhos me enriqueceram. Quando eu já era adolescente havia em Bogotá muitos livreiros de rua, então comecei a comprar livros, e aos 13 anos, mais ou menos, comprei a “Odisseia”, de Homero. Fiquei apaixonado pela mitologia”, ressaltou José. A vida foi passando, a coleção foi aumentando e os clientes da sua esposa (costureira) viam aquela imensa biblioteca. Alguns pediam livros de escola emprestados para seus filhos.
José percebeu que os livros que eram jogados fora, que estavam no lixo, não estavam sujos ou estragados. Pelo contrário. As pessoas quando têm suas salas e quartos carregados de “recuerdos”, ou livros, se desfazem deles com respeito e os colocam em caixas separadas, não juntando ao lixo perecível. Assim, em 2000, ele e sua mulher decidiram montar uma biblioteca. “Iniciamos numa sala grande, conseguimos estantes e mesas, os vizinhos vinham visitar e levavam livros emprestados. Montamos um catálogo das pessoas, e estas começaram a fazer também doações, e mais livros foram chegando… e começaram a surgir os Círculos de Leitura, as oficinas… e nos demos conta que o bairro havia ficado pequeno e fomos explorar outras regiões de Bogotá, e outras 3 bibliotecas foram instaladas”. Uma delas está localizada na zona rural, na casa de uma família campestre e a biblioteca é manejada por uma garota de 12 anos.
José não recebe qualquer ajuda oficial, embora as autoridades conheçam seu projeto. Não existem subsídios, apoios financeiros e ele segue sozinho mantendo seu caminhão, indo todas as noites “pescar tesouros” nos lixos da cidade. Milhares de livros devem ser jogados fora todos os dias em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e em quase todas as grandes cidades do país, assim como em outras metrópoles do mundo. Centenas de bibliotecas poderiam talvez ser instaladas só com esse material, esse lixo, esse lixo sagrado que é o livro descartado. Numa das salas de José, logo na entrada, escrito na parede, está um dos pensamentos mais dignos de Jorge Luis Borges, onde ele imagina que o Paraíso é como uma grande biblioteca. É lá que mora José Alberto Gutiérrez, o catador de livros.




domingo, 23 de janeiro de 2011

A dança dos signos -Juremir Machado da Silva

CORREIO  DO POVO- 116 Nº 110 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2011

 

<br /><b>Crédito: </b> ARTE PEDRO LOBO

Crédito: ARTE PEDRO LOBO
Desabou uma das últimas ciências positivistas: a astrologia. O marxismo foi antes. Pesquisadores do Planetário de Minnesota, imediatamente repercutidos por Luís Carlos Reche no programa "Bom-Dia", do Rogério Mendelski, sempre atento às revoluções, descobriram que estava tudo errado no Zodíaco. Deve ser por isso que as previsões nem sempre coincidiam com a realidade, além do fato de o Mendelski ter feito, durante algum tempo, o horóscopo da Folha da Tarde. Segundo os astrônomos, há um problema histórico: só foram levadas em consideração 12 das 13 constelações. É um erro antigo e babilônico. Ficou de fora certamente o signo mais importante: Serpentário, cujo símbolo é a cobra. Os babilônios esconderam a cobra. Terá sido por gosto? Como puderam esquecer o que caracteriza metade da humanidade? Os nascidos sob o signo de Serpentário têm a língua viperina e venenosa? São capazes de rastejar por amor? Costumam ser desconfiados?

A segunda novidade é que o alinhamento das estrelas mudou. Como certamente vocês sabem, a Terra se move, salvo na Bahia ou no Brasil na época do Carnaval. O deslocamento é de um mês. O tempo de cada signo ficou mais curto. Mas isso não deve ter influência no fator previdenciário. É a aceleração hipermoderna. Ninguém aguenta mais um mês inteiro para um único signo. Alguns foram promovidos. Outros, rebaixados. Tenho um amigo que, finalmente, deixou de ser Virgem. Virou Câncer. Ainda não sabe se ganhou ou perdeu. Haverá resistência às mudanças. Nós, aquarianos, signo charmoso, celebrado na era de aquário, de gente como Romário, Ronald Reagan e eu, ilustres do passado e do presente, não vamos aceitar passar à condição de capricornianos portando chifres.

Os astrólogos podem não concordar com a novidade, mas precisam ver o lado positivo da coisa: todo mundo terá de fazer um novo mapa astral. Essa descoberta vai movimentar a economia astrológica. Tem gente tão perdida que precisa de mapa astral com GPS. A mudança no Zodíaco nada tem a ver com o aquecimento global, embora o Sol não esteja, segundo os astrônomos, onde os astrólogos costumam situá-lo. Definitivamente, não se pode confiar em coisa alguma. Quem é de Serpentário? Quem nasceu entre 29 de novembro e 17 de dezembro. Chato é, depois de ter ouvido uma vida inteira, "mas isso é bem coisa de aquariano", saber que se é de Capricórnio. É crise de identidade certa. Ainda bem que Aquário não virou Peixes nem vice-versa. Se numa fosse novela, isso aconteceria.

Algumas pessoas levarão algum tempo para se acostumar com o novo signo, especialmente os de Serpentário. Podem estar certos de que vai ter cobra no armário. Qual o seu signo? Bem, ainda não olhei a nova tabela. O problema é assumir e ouvir aquela respostinha sacana: "Bem, vi que você tinha cara de ofídio". Ser o cobra é bacana. Ser cobra nem tanto. Pior mesmo é a situação de quem perdeu duas posições. Para evitar problemas judiciais, será aplicado o princípio da não retroatividade: os novos signos e datas só valerão para quem nasceu a partir de 2009. Será facultativo permanecer em duas casas, o que já é costume em certos signos.

JUREMIR MACHADO DA SILVA | juremir@correiodopovo.com.br

ODE AOS PROFESSORES

Recebi esta pergunta: "Por que o senhor defende tanto os professores?". Achei, inicialmente, a pergunta estranha. Afinal, a resposta sempre me parecera óbvia. Depois, comecei a responder para mim mesmo. Embora seja impossível estabelecer objetivamente um ranking de profissões, eu acho o trabalho de professor o mais importante que existe, especialmente o de professor de ensino fundamental e médio, função que nunca exerci, embora tenha chegado a passar num concurso. Sei da importância dos médicos, dos engenheiros, dos padeiros, dos lixeiros e de tantos outros profissionais. Mesmo assim, considero que o professor é a base de tudo.

Por pensar assim, sempre vejo como injustos e até mesmo absurdos os salários pagos aos professores do ensino público. Não consigo aceitar que qualquer jogador de futebol ruim ganhe mais do que um professor. Esperamos dos professores que eles eduquem os nossos filhos, dando-lhes conhecimentos e valores. Depositamos enormes esperanças na atividade desses mestres de poucos recursos e muita perseverança. Cobramos muito. Pagamos pouco. A desculpa é sempre a mesma: os cofres públicos não comportam salários maiores para uma categoria tão numerosa. Essa explicação sempre me parece fácil, simplória, hipócrita e até canalha. É uma maneira de lavar as mãos. A culpa não é só dos governantes. É da sociedade. Por que não nos organizamos para pagar melhor os professores? Outro dia, na Rádio Guaíba, o senador Paulo Paim nos garantiu que não existe o rombo da Previdência Social. Autorizou-me a chamar de mentiroso quem afirme o contrário. Não perderei a oportunidade.

De minha parte, farei uma afirmação categórica: a sociedade brasileira pode pagar melhor seus professores. Não o faz por não os valorizar suficientemente. Volta e meia, ouço alguém atacar os professores dizendo algo assim: "Se não estão satisfeitos que mudem de profissão". Nunca ouço argumento semelhante aplicado aos grandes proprietários que pedem subsídios aos governos. Os professores viraram saco de pancada. Os governantes empurram com a barriga o eterno problema dos baixos salários. Por toda parte, vejo professores trabalhando duro e ganhando pouco. Ser professor é cada vez mais difícil e bonito. Hoje, além de saber passar informações, é preciso saber educar num ambiente de liberdade. Muita gente tem saudades dos castigos corporais e dos métodos medievais nas escolas. São os mesmos que sentem saudade da ditadura militar e que fecham os olhos para a tortura.

Imagino um leitor conservador dizendo-se que estou empilhando clichês ou fazendo demagogia. Num ano eleitoral, eu espero que algum candidato apresente um plano consistente para a educação. Teria meu voto. Toda hora alguém diz que só a educação muda um país. Para que a educação mude um país, no entanto, o país precisa mudar a sua educação. Um bom começo seria pagar melhor os professores. Eu não me importaria de pagar mais impostos para isso. Pagar impostos pode ser muito bom. Faz bem para a sociedade. Não há serviços sem impostos. Jamais.

Juremir Machado da Silva é jornalista e professor

* Artigo publicado no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre/RS, edição do dia 4 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Perdão Tarsila do Amaral

Que a Tarsila perdoe
nossa vâ interpretação.
E não nos veja como feministas,
muito menos altruistas
mas nos veja
com os olhos do coração.

Constatação


Viu só bicho-homem
Passastes tanto  tempo
Falando com teus pensamentos
Que não precisastes   mais de boca,
Um bico pequeno
Será suficiente
Para  pronunciar
Tuas poucas palavras
Te  conforma  agora
Com o que sonhastes
Dormindo acordado.
Pois afinal,
Hoje  ri melhor
Quem  chorou primeiro.

Mutação Masculina

Tarsila explicou o inexplicável
Eis no que se transforma
Nosso objeto de desejo indesejável.
O Homem  que nos faz chorar
Lágrimas de sangue
Homem que faz tanto bem quanto mal
O Homem que faz nosso coração
Transbordar de emoção.
O que houve com esse homem?
Sempre foi apenas músculos
Ou eu estava cega de paixão?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A CARTOMANTE

Quanto mais Tereza contava mais Alberto ironizava. A moça insistia em dizer “yo no creo em brujas, pero que las hay , las hay.
- Vamos Alberto você precisa acreditar, ela sabia tudo. Mal havia sentado e ela já foi dizendo:
-Você está vivendo um amor proibido!!!
E ai não parou mais, nem precisei fazer perguntas, pois afinal ela me garantiu que teremos um final feliz.
-“Final feliz??” e ela disse como? - E sobre o Renato, ela também falou? Ela viu nas cartas se ele vai tomar um chá de sumiço ?
-Alberto  ela é só uma cartomante! É claro que não me diria tudo de uma só vez. Mas não importa , pois o principal ela me disse. Agora estou mais tranquila, tenho certeza que você me ama.
O moço riu da ingenuidade da jovem. Imagina se era preciso procurar uma cartomante, pra saber o que ele não tinha mais como esconder. E assim voltou a fazer piadas a respeito das adivinhações que deixara Tereza tão confiante.
- E onde mora a cartomante? De repente posso ir até lá, pra saber se vou ganhar na loteria, se vou ficar milionário ou se tenho chance de conquistar uma vaguinha e entrar pra turma do Tarso.
A moça indignada voltava a citar Cervantes:
- Alberto!!! Chega de ironias eu já lhe disse que também não creo em brujas, pero que las hay, las hay. E a cartomante é bem aqui no inicio do quarteirão. Você lembra  daquele casarão velho, que parece em ruinas? Pois ela mora ali. Quem sabe  você  passa por lá e vai se surpreender com o poder dela.
Ali estavam os dois, desperdiçando os breves momentos que podiam ficar juntos, naquela conversa “pra boi dormir”.
Enquanto admirava a graciosidade da jovem que ficara corada ao defender seu ponto de vista, Alberto olhou de relance para o relógio e percebeu que estavam ali tempo demais, e era hora de voltar cada um para seu lado.
Primeiro ele foi até a porta, olhou para ambos os lados e fez sinal para que ela saísse. Ao passar por ele, que continuava na porta entreaberta , deixou seu corpo roçar no dele  e ficaram  assim por breves segundos desejando eternidade. Somente depois que ela desapareceu de seu olhar apaixonado é que ele em passos  largos , ganhou as ruas, ansioso para sair especialmente daquela que abrigava o esconderijo dos dois. Antes de entrar no carro , parado próximo a praça , sentou no primeiro banco e ali ficou, tentando colocar os pensamentos em ordem. Na verdade toda aquela conversa de cartomante, tinha sido divertida mas ele sentia um orgulho e tanto de saber que ela queria garantias de que ele a amava. E pensar que isso tudo não podia estar acontecendo...
Estirado sobre o banco, deixou-se levar e não pode evitar  de repassar mais uma vez todos os acontecimentos até então.
Ele e Renato  foram criados juntos, moravam na mesma rua, suas casas eram separadas apenas pelos jardins, nem mesmo  muros ou grades haviam. Seus pais compartilhavam sonhos para os meninos que brincavam livremente pelas ruas. Assim foram crescendo mais irmãos do que amigos. Renato era mais tímido, porém mais estudioso. Alberto mais expansivo, porém mais preguiçoso. Na verdade um completava o outro. E foi assim por muito tempo.
Renato foi para a faculdade fazer medicina como seus pais queriam e nesta mesma ocasião Alberto perdeu seu pai num acidente de carro. A perda fez com que o jovem em choque e certo de que só iria fazer Direito para alegria do pai, abrisse mão de tudo e ficasse por muito tempo sem fazer nada. Até que a mãe exigiu que ele tocasse sua vida e aceitasse um emprego público, o qual mantém até hoje.
A família de Renato mudou-se com ele para apoiar nos estudos e , portanto os amigos perderam o contato físico, mas nunca deixaram de se comunicar por telefonemas ou cartas. O conteúdo das cartas geralmente eram de Renato pedindo um conselho ou uma  sugestão,  as ligações eram em tom de desabafos de como se sentia só. As respostas de Alberto eram de incentivo, de apoio e cheias de saudosismos de um tempo que passara.
De repente Alberto ficou pensando como teria sido sua vida se tivesse feito a vontade do pai. Talvez hoje fosse um advogado conceituado, casado e com filhos...Mas o destino não quis que fosse assim .Então tocava sua vidinha sem grandes emoções...Até o dia em que seu telefone tocou e Renato falava com voz animada, contando que conhecera uma jovem linda e que pensava em casar com ela. O namoro  de Renato com a jovem certamente passou a ocupar mais o tempo dele, pois as cartas e os telefonemas diminuíram.
A vida seguia seu curso, até o momento em que Alberto viu no jornal a foto do horrível acidente de carro envolvendo os pais de Renato. Ambos morreram no local. Mal havia terminado de ler a noticia e seu telefone tocou. Era Renato desesperado. De repente o amigo estava sem chão, sem norte. Alberto sabia como era isso já havia perdido o pai. Somente algum tempo depois o jovem percebendo que não conseguiria continuar resolveu voltar  para sua cidade e o convívio com o companheiro.
No dia em que Alberto foi buscar o amigo e a esposa que chegavam, não estava preparado para a peça que o destino lhe pregaria. Ao lado de seu amigo, cabisbaixo, sério e aparentando mais idade do que tinha caminhava uma jovem mulher, que tentava a todo momento manter o braço sobre o homem, que parecia alheio ao movimento. A emoção dos amigos era visível ao trocarem o abraço que sempre os uniu. Não foi apresentando a moça. Ela foi se apresentando. Era Tereza, a esposa de Renato. Ela falava com desenvoltura e elogiava todo tempo a amizade que unia os dois.
Para ajudar o amigo a se instalar na cidade e a curar suas dores, Renato  passou a frequentar a casa dos dois. Seria como antigamente se não fosse o fato que agora eram três e a tristeza infinita de Renato, alheio a tudo e a todos. Sem perceber Alberto e Tereza foram se aproximando, conversavam, liam, iam ao cinema, preparavam refeições juntos, enquanto Renato, fiel a memória do pai se jogara no trabalho e não ligava pra mais nada.
Foi num desses programas comuns que o inevitável aconteceu, quando perceberam estavam se beijando e todo o resto veio a tona sem nenhum dos dois impedir. Desde então a vida real se assemelhou a um romance de Nelson Rodrigues. E foi preciso procurar esconderijo para abrigar esse amor proibido. Com o coração apertado ele sorriu ao lembrar  de Tereza contando da cartomante .Riscou no chão seu nome, o de Tereza e relutante escreveu o nome de Renato. Este último, apagou rapidamente com a sola do sapato, sentindo culpa muita culpa...Levantou-se depressa e foi para o trabalho.
E foi justamente no trabalho, que encontrou sobre sua mesa uma carta, sem remetente, olhou o envelope e e sem expectativa nenhuma começou a ler, empalidecendo ao ver o conteúdo . Esta foi só a primeira de muitas outras que chegaram alertando-o de que Renato estava por um fio de descobrir toda sua traição. Um pesadelo começava e anunciava o fim de seu caso com Tereza. Esperou por ela no lugar de sempre e contou-lhe sobre as cartas anônimas. Decidiu que não a  encontraria mais e que não voltaria mais na casa do amigo .O que Tereza não concordou pois isso iria chamar mais a atenção de Renato. Ela reagiu com violência , não aceitava terminar tudo, afinal eram só cartas, podia ser uma brincadeira de mau gosto...Mas mesmo sofrendo Alberto foi irredutível. Desta vez ele foi o primeiro a sair do esconderijo, olhando com raiva para a casa da cartomante, pronunciando entre dentes “final feliz! Sei!”
A vida quase voltou ao normal, se não fosse a falta que sentia dela. Os dias custavam a passar e precisou mudar toda sua rotina para não passar por sua casa ou pelo esconderijo. Nada podia dar errado, não podia sucumbir ao desejo.
Numa manhã em que o tempo parecia ter parado no marasmo de sua existência, ele recebeu um bilhete de Renato.
‘Preciso falar com você, ainda hoje. Não demore, Estarei em casa.”
Com as mãos suando, quase molhando o pequeno bilhete, leu  muitas vezes o pequeno texto que aparentemente era inofensivo. Seus olhos teimavam em pousar no “não demore, estarei em casa”- porque em casa, porque não no consultório ...
Pegou a chave do carro, foi até a porta, voltou, sentou novamente, enxugou o suor do rosto que insistia em cair. Tentou acalmar as batidas do coração que pareciam sair pela boca, leu o bilhete novamente e foi. Para ganhar tempo, pegou a rota mais demorada e quando percebeu  estava em meio a um congestionamento. Pela primeira vez não se importou com isso. Achou até que podia ser um sinal. Enquanto esperava, a buzina dos carros se transformava nas risadas de Tereza ou na voz grave de Renato lhe recriminando.
 A lentidão dos carros desacelerava o coração de Alberto mas não diminuía a tristeza pela traição ao amigo e pela perda da mulher amada. Após duas horas de congestionamento, o trânsito começou a acelerar e com isso o coração de Alberto voltou a bater descompassadamente. Pensou em não ir, melhor não saber o que lhe esperava lá. Repentinamente a voz de Tereza chegou aos seus ouvidos. –“ você  lembra daquele casarão velho, que parece em ruinas? Pois é ela mora ali. Quem sabe  você passa por lá e vai se surpreender com o poder dela.”
Sem pensar muito deu uma guinada com o carro e se dirigiu até a casa da cartomante.
A casa era horrível, a escadaria parecia que iria ruir a qualquer momento, antes mesmo de bater a porta abriu, provocando um arrepio em Renato. Uma mulher de meia idade o convidou a entrar e o levou para uma sala escura cheirando a mofo. Retirou de uma gaveta um  baralho, espalhou as cartas sobre a mesa e foi falando:
- Quanta ansiedade, tantas dúvidas!!!! Viestes saber o que o destino tem pra você?
Renato não sabia o que dizer, tentava falar  mas não sabia se acreditava ou não naquela mulher tão insignificante...
- Ela pareceu ler seus pensamentos e foi logo dizendo:
- Vá sem medo, nada de ruim vai lhe acontecer, seu segredo está bem guardado, vá em paz.
Renato aliviado, não cabia em si de alivio.
A mulher levantou, abriu uma gaveta, segurou um colar de pérolas na mão e começou a acariciar cada uma delas.
Renato ,  mal cabia em si de alegria e louco para sair dali, tirou da carteira tudo o que tinha e depositou na mesa. Os olhos da mulher brilharam com a quantia, era muito mais do que costumava ganhar.
Desceu a escada de dois em dois degraus, sorria e pensava como tinha sido bobo,  Renato estava apenas com saudade, com vontade de conversar, talvez ele estivesse voltando a vida e precisava dele.
Estacionou o carro e desceu ,  foi entrando sem bater, gritando o nome do amigo. Foi em direção de sua voz que vinha do escritório. Ao abrir encontrou Tereza sentada de costas para a porta e Renato em pé com o rosto desfigurado, segurando uma arma. Em choque ouviu a pergunta que fez o amigo:
-“ Querida atiro eu ou atira você?”
Aterrorizado ele viu quando ela levantou,também tinha uma arma, parecia ter envelhecido vinte anos  e juntos, num movimento coreografado dispararam dois tiros contra ele, que caiu morto.
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Curso de Formação para Contadores de Histórias

Ministrante: Grupo  Quem Conta um Conto da UFRGS – Coord. Lívia Petry
Proposta: O trabalho é baseado na ideia da performance e da improvisação, um momento poético que recupera o ato de contar histórias; tão antigo quanto o homem. Utiliza-se na contação de histórias em performance principalmente o corpo, a voz e o gesto. Nossa proposta se baseia no resgate da oralidade, em que o contador se apropria de um texto escrito e o recria como co-autor da história para, assim, estabelecer um momento performático de troca entre o contador, a história e a platéia.
Para tanto, são desenvolvidos no decorrer da oficina os seguintes temas: oralidade e escrita,  corpo e voz, construção de personagens e narradores, jogos de improvisação, uso de acessórios como auxiliares na contação e utilização de parlendas e cantigas.
Público: Professores, educadores de todas as áreas,  alunos de Magistério e de cursos superiores e interessados em geral.
Carga horária: Curso com caráter teórico-prático - 20 h - 9 encontros
Período : 11 a 27 de janeiro , nas terças , quartas e  quintas das 19h as 21h.
Investimento: R$ 100,00 (2 parcelas R$ 50,00) Incluído  material teórico e certificado.
Informações e inscrições abertas  na Biblioteca Lucília Minssen, fone: 32257089

Inscrições  na Biblioteca Lucilia Minssen, reservas através do fone: 32257089.
As reservas e inscrições para oficina de férias  deverão ser  feita através do telefone: (51) 3225.7089 . Quanto ao pagamento poderá ser na sede da Biblioteca ou  via depósito bancário na conta da Associação Amigos da Biblioteca Lucilia Minssen, no Banrisul, agencia 0839 , conta: 41852295.0-

Brasil fica em 53º lugar em prova internacional que avalia capacidade de leitura


Larissa Guimarães 07/12/2010
O Brasil obteve o 53º lugar, em uma lista de 65 países, numa prova internacional que avaliou a capacidade de leitura de estudantes com 15 anos. Além da leitura, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) também avaliou as habilidades dos estudantes em matemática e ciências.
O exame, que é aplicado a cada três anos, é divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Juntos, os países que participam do Pisa representam aproximadamente 90% da economia mundial.
No Pisa 2009, o foco de análise foi a leitura. Nesse ranking, o Brasil obteve 412 pontos -- a China, primeira colocada, chegou a 556 pontos. Foram avaliados diversos aspectos na leitura, como a capacidade de reflexão, avaliação e interpretação dos alunos, por exemplo.
De acordo com o relatório divulgado pela OCDE, o Brasil teve "um grande ganho" na nota de leitura nos últimos anos. Apesar disso, o país ainda fica atrás de Chile (44º), Uruguai (47º), Trinidad e Tobago (51º) e Colômbia (52º). Por outro lado, o Brasil conseguiu ficar à frente da Argentina (58º) e do Peru (63º).
Em ciências, os estudantes brasileiros ficaram com 405 pontos. Em matemática, a nota ficou em 386 pontos (a China obteve 600 nesse quesito).
DIFICULDADES
O relatório apontou que o Brasil tem dificuldades para melhorar a educação, uma vez que o país é grande e tem muitas escolas rurais.
Sobre o levantamento, o Ministério da Educação afirmou que o Brasil está entre os países que mais cresceram no Pisa nos últimos anos, cumprindo a meta do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) de atingir a média 395 pontos nas três matérias.