VÔO

Alheias e nossas as palavras voam.
Bando de borboletas multicores as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas, as palavras voam.
Voam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as palavras voam.
E as vezes pousam.

(Cecilia Meireles )

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domingo, 26 de dezembro de 2010

Projeto de leitura compreensiva até 7anos

Este projeto tem como objetivo ser um instrumento  para ajudar o professor a trabalhar melhor e com mais clareza a leitura e, principalmente a compreensão do mundo que cerca o aluno, esclarecendo alguns pressupostos teóricos de sua formação não só no aspecto cognitivo como também no aspecto psicológico e ambiental.  Facilitar sua aprendizagem objetiva através da sugestão de um plano de trabalho e de  atividades. Fornecer, também, subsídios para avaliação, assim como sugerir alternativas de ampliação, adaptação dos conteúdos propostos na escola e atualização da informação ao professor, como: bibliografias básicas, leituras suplementares, sugestões de multi e interdisciplinaridade, assim como a inserção em temas transversais tão necessários em uma cultura pluralista e diversa como a nossa cultura brasileira.

                              Apresentando o projeto

  O projeto tem como base fazer com que os alunos compreendam o que lêem, trazendo para a sala de aula uma amostragem  ampla das possibilidades expressivas e comunicativas da linguagem. Não apenas o texto literário ou informativo impresso, mas também os “textos” da vida cotidiana dos alunos: receitas, imagens em geral, propagandas, histórias em quadrinhos, charges, cantigas de roda, etc, estabelecendo uma dinâmica possibilidade de manifestação oral ou escrita, coloquial ou culta. Além do que, fazer com que percebem que, através da compreensão da leitura há mais possibilidade de concretização  de trabalho e participação na comunidade.
  Através de oficinas de compreensão da linguagem, perceber que o ensino- aprendizagem da Língua Portuguesa serve, portanto,  como ponto de apoio para a comunicação adequada em todas as outras disciplinas e com elas deve estar interligado.
  Ele se inicia desde os primeiro contatos com o mundo exterior e vai oportunizando o  letramento do aluno e sua formação como leitor. Há três momentos de percepção da leitura: sensorial, nos primeiros anos de vida; emocional, quando o leitor passa a um segundo estágio de letramento mais elaborado, mesmo que ainda no plano concreto; e intelectual ( leitura crítica) , quando o leitor começa a fazer inferências e passa para uma interpretação mais abstrata do mundo que o rodeia,  visando a se transformar em um cidadão mais eficiente não só no plano da leitura, como também e principalmente, no plano participativo da sociedade, ético e respeitador da diversidade  e da pluralidade nacional.

                          “A socialização das leituras individuais possibilita a formação e reflexão sobre pontos de vista diferentes, o que poderá ampliar a visão de cada um e trazer uma riqueza maior a todos. O conhecimento interdisciplinar acontece nas fronteiras de cada território específico de cada saber.”
                                                      Stefani, Rosaly “Referencial e parâmetros curriculares nacionais”              
                                                                       (Pcns). In: Introdução. São Paulo: Paulus,2000. p.8.
  Conhecer melhor nossa língua nos permite viver melhor e de forma mais adequada  as experiências que o mundo letrado oferece. Entendê- lo melhor nos ajuda a participar dele de forma mais ativa, mais consciente de nossos direitos e deveres. Compartilhar a comunicação é auxiliar o outro ser humano a enfrentar e vencer os desafios de um mundo cada vez mais veloz nas informações, mas muito carente de solidariedade.
  Este projeto serve como ponto de partida para o melhor desenvolvimento da linguagem, leitura, compreensão e interpretação, através de uma amostragem de estudo, produção de textos verbais e não verbais e sugestão de experiências vividas. Lembramos, porém, que a linguagem é um instrumento único e singular,  que só o ser humano possui para comunicar- se com o mundo e que deve ser facilitada, mas que será recebida de forma diferente pelos  alunos.
   No tocante à Gramática, partimos do pressuposto  de que ela sirva para estabelecer a correspondência dos segmentos falados com os escritos.  Porém,  nem tudo que se fala tem correspondência idêntica na escrita. As variantes da língua falada devem ser consideradas, mas deve-se ter cuidado ao escrever. A escrita depende de uma convenção, caracterizada pela ortografia e pelo conhecimento e percepção de suas regularidades, que é a Gramática, para unificá-la e facilitar ao leitor o entendimento do que lê. É a forma como as palavras são escritas que reforçam o sentido delas. Enfim, não se trata de haver uma ruptura com os conteúdos histórica e culturalmente adquiridos, nem  de tampouco omitir nomenclatura ou de substitui-la por outra, desta ou daquela teoria linguística, mas nosso objetivo é dar um tratamento novo a esses conteúdos, que passam a ser vistos pela perspectiva da semântica, da linguística e da análise do discurso, os aspectos mais práticos da linguagem.
   As propostas de produção de textos devem girar em torno do que já foi citado, ou seja, após o aprendizado de diferentes gêneros de texto, saber distingui- los , suas intenções, seu estilo, forma e vocabulário específico .O texto escrito só pode acontecer , portanto, se houver aprendizado e  estímulo que o desencadeie.
  Nosso objetivo, portanto,  é realizar um trabalho integrado de leitura, compreensão, interpretação, produção de textos e reflexão da língua que sirvam de referência para a ampliação do conhecimento e do entendimento do mundo.
  
                              “Utilizar as diferentes linguagens ( corporal, musical, plástica e escrita) ajustadas às diferentes  intenções e situações de comunicação , de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva.”
                              Stefani, Rosaly.op.cit. In: Objetivos gerais da Educação Infantil- Parâmetros curriculares nacionais ( Pcns.) Referencial, p.63.
                               “Utilizar as diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir as produções culturais, em contextos públicos ou privados, atendendo a diferentes intenções de comunicação.”
                               PCNs, Volume 2, Língua Portuguesa. Parâmetros curriculares nacionais. Ministério da Educação e do desporto. In Objetivos gerais do Ensino Fundamental Brasília: 1997.p.8.

                            Opção metodológica

   A escolha metodológica foi utilizar uma estrutura elaborada com muito cuidado, baseada em pesquisa/ estudo e em experiências testadas em sala de aula durante muitos anos.
   Quando se fala em pesquisa ou estudo, foram consideradas as várias teorias pedagógicas, linguísticas, filosóficas e artísticas que marcaram o século vinte e possivelmente se consolidarão no século vinte e um. Por outro lado, as experiências testadas vão de encontro a um novo desafio  imposto a todo profissional de educação e a profissionais das várias áreas atualmente, que é tentar conciliar a quantidade de informações que os bombardeiam continuamente  a uma prática diária, que dê resultados efetivos. Assim, procuramos estabelecer  um ponto de equilíbrio entre as partes.
                     “A educação é uma área interdisciplinar e aplicada, que se alimenta de formulações teóricas originárias de várias disciplinas e que se constrói no plano da prática. Entretanto, a tentativa de escolher uma só teoria como única referência para a compreensão do fenômeno educativo ( e como única proposta que levaria à solução dos problemas concretos) é uma conduta bastante comum na área da Educação no Brasil.
                     É importante destacar que essa idéia de escolha da teoria coloca o educador numa situação bastante arriscada. Particularmente dada a natureza aplicada de sua área de atuação. Pode levar a um consumo superficial da teoria tida como a “melhor” num determinado momento e à desconsideração de outras abordagens que poderiam ser igualmente enriquecedoras. Pode levar, também, a uma utilização simplificadora de princípios mal compreendidos e, ainda, ao abandono total da teoria em questão quando uma outra passa a ser considerada a melhor referência. Provavelmente a conduta mais fecunda seria o  estudo de muitas perspectivas diferentes, no sentido do aprimoramento  técnico do profissional e, portanto, uma elaboração refinada de sua prática à luz das diversas abordagens estudadas. Diferentes teorias podem, certamente, trazer contribuições relevantes à compreensão do fenômeno educativo.”
                    Oliveira, Marta Khol de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento- um processo  sócio -                                                                                     
                                   Histórico. São Paulo. Scipione. 1993. p.103


                         

Deve-se levar em conta, na seleção dos textos:
a)      A adequação à faixa etária pretendida.
b)      A prontidão  para absorver, apreciar determinados gêneros ou estruturas da língua de acordo com as necessidades psicológicas de cada fase de desenvolvimento e de acordo com os aspectos sociais dos envolvidos.
c)      Estabelecer a relação entre essas necessidades psicológicas, sociais e os aspectos de forma e conteúdo das atividades.
d)      Relacionar o aprendizado do Português com outras disciplinas, na tentativa de ajudar o professor e o aluno a trabalharem  com a Multi- interdisciplinaridade.
Lembrando que a multidisciplinaridade é um processo interior, que acontece dentro do indivíduo e que o torna aberto ao novo e  o faz integrar os conhecimentos das diversas disciplinas. E que a interdisciplinaridade é um processo exterior, que coloca os diferentes profissionais e respectivas áreas do conhecimento em interação para que, juntos estabeleçam projetos de ação conjuntos e os executem de acordo com as possibilidades do momento.

                     

      Para ajudar o professor em suas atividades, colocamos aqui algumas orientações sobre o que se pode esperar das diversas faixas etárias:
1e 2a  séries ( por volta dos 6, 7 anos)
   Nessa faixa etária, os temas são ligados ao desenvolvimento emocional e ao aperfeiçoamento das habilidades sociais. Entre os 6 e 7 anos, os conceitos sofrem uma transformação qualitativa, adquirindo aspectos mis amadurecidos, ou seja, as crianças vão aprendendo a fazer distinções por si mesmas.
  Nessa fase, também , desenvolvem a capacidade de perceber como as coisas se agrupam no mundo. Aprendem o que significa forma e cor, isto é,  comprendem que um lápis amarelo e um narciso são da mesma cor, e pessoas com o mesmo sobrenome geralmente são da mesma família. Algumas progridem mais que outras. A ligação com os pais  e os professores nessa fase é muito importante e pode ser muito positiva, se forem mais tolerantes e compreensivos, ou seja se houver uma relação boa com elas.
As atividades nessa fase devem procurar oferecer oportunidades de estimular e apoiar os interesses  dos alunos, melhorando sua capacidade de expressão, apesar de se saber que a influência dos pais é mais importante nesse momento. Pais que estimulam, encorajam e aplaudem, fazem com que as crianças tenham maior rendimento e aproveitem melhor as oportunidades que a escola oferece. Estímulo e exemplo são os elementos mais importantes para uma criança nesta faixa etária e que vai auxiliar a melhorar o seu vocabulário. 
   A distinção entre famílias que se expressam com facilidade e as que falam pouco parece indicar também diferenças nesse sentido. Seria incorreto classificar uns de certos e outros de errados. O que se evidencia é que diferentes tipos de padrões de relacionamento entre pais e filhos desta faixa etária podem ser associados ao desenvolvimento de diferentes padrões de personalidade.  As crianças sofrem influência dos pais e dos estímulos externos através de características que elas imitam ou contra as quais reagem e é através de exercícios de comportamentos, efetivam hábitos.
   Falar e ler são duas tarefas que estão ligadas às palavras  e à dificuldade ou progresso em uma delas e geralmente implica em dificuldades ou progresso em outra. Quando são pequenas, com 4 ou 5 anos, cerca de três quartos do que elas falam não se dirige a ninguém em particular. Não necessitam de qualquer resposta que mostre que a pessoa entendeu o que disseram.
   Entretanto, por volta dos 6, 7  anos, essa característica se torna um meio de comunicação  com os outros e deixa de ser uma explicação apenas para si mesma e é por isso que se torna necessário um cuidado especial na escolha dos temas e na forma trabalhada nestas duas séries iniciais. Na mesma idade, as crianças se tornam capazes de expressar em palavras o que planejam fazer no futuro, quando antes só podiam descrever suas ações no momento em que as praticavam.


http://www.educacional.com.br/home.asp



sábado, 18 de dezembro de 2010

Augusto Cury

"Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sarau infantil

Faixa etária
4 e 5 anos
Objetivos
- Ampliar o repertório de poesias conhecidas pela turma.
- Utilizar a linguagem oral, adequando-a a uma situação comunicativa formal.


Anos
Pré-escola. 

Material necessário
 -Filmadora
- Caixa de papelão
- Aparelho de som
- CD A Arca de Noé - Vols. 1 e 2 (vários intérpretes, Universal Music Brasil, )
Livros
- A Arca de Noé (Vinicius de Moraes, 64 págs., Ed. Cia. das Letrinhas, tel. 11/3707-3500, 46,50 reais)
- Poemas Desengonçados (Ricardo Azevedo, 56 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 26,90 reais)
- Mais Respeito, Eu Sou Criança (Pedro Bandeira, 80 págs., Ed. Moderna, tel. 0800-172-002, 29,50 reais)

Flexibilização
Para ampliar a capacidade de comunicação e expressão de crianças com deficiência auditiva e auxiliá-las a utilizar libras, posicione as crianças em semicírculo no momento da leitura, para que visualizem o educador, os colegas e o intérprete. É importante que todos falem, um de cada vez, para facilitar a compreensão. Apresente os autores por meio de fotos e estimule a criança a declamar, em libras, poemas que já conhece. Você também pode declamar algumas poesias para servir como modelo de leitor. Explique a todos as etapas do projeto e apresente uma nova poesia às crianças a cada dia. Peça à criança surda que observe a expressão facial e os movimentos do corpo do intérprete quando este estiver declamando. Proponha que a criança leve um bilhete para casa pedindo que os pais escrevam uma poesia para ser apresentada aos colegas. Incentive a criança surda a participar da confecção da "caixa mágica" e explique que ali serão colocadas as poesias e os livros utilizados no projeto. Apresente à criança a poesia que ela irá declamar junto com dois ou três colegas. Convidar um surdo adulto para declamar na sala em libras para que a criança tenha outros exemplos também é uma boa alternativa. Filme a criança surda declamando com o seu grupo e num segundo momento retome o vídeo para que juntos possam ver o que precisa ser melhorado. No dia do sarau, é interessante que a poesia que será declamada em libras seja lida para a plateia. Registrar todos os avanços da criança é fundamental.

Desenvolvimento
1ª etapa
Pergunte quais poemas as crianças conhecem e estimule-as a declamar. Convide-as a conhecer outros, mostrando os livros selecionados. Leia em voz alta alguns deles, caprichando na entonação. Compartilhe a ideia de organizar um sarau de poesia e convidar os pais para assistir ao evento. Explique que para isso é preciso conhecer vários poemas e aprender a declamá-los.

2ª etapa
Apresente algumas faixas do CD de poesia musicada para familiarizar a turma com o gênero.

3ª etapa
Leia para os pequenos todos os dias os livros escolhidos para o projeto. Converse com eles sobre as poesias e como se deve declamar, cuidando da entonação e da altura da voz, para que o público compreenda e ouça com clareza o que for dito. Como tarefa de casa, oriente que peçam aos pais para recitar e registrar por escrito poemas e versinhos que apreciem. Use a caixa de papelão para guardar os textos poéticos fornecidos pelos pais, os livros e o CD.

4ª etapa
Leia a poesia Bola de Gude, do livro Poemas Desengonçados, chamando a atenção da turma para a entonação, dicção e altura da sua voz. Proponha que a recitem coletivamente. Repita o procedimento com outros poemas. Use a filmadora para gravar esses momentos.

5ª etapa
Exiba o vídeo para que as crianças possam analisar como estão se saindo e em que precisam melhorar. Ajude-as apontando o que estiver adequado também.

6ª etapa
É hora de selecionar o que será apresentado no sarau. Pergunte às crianças quais são os textos prediletos delas e decidam se as declamações serão feitas individualmente, em duplas, trios ou grupos maiores. Convide as famílias para o evento.

7ª etapa
Ensaie com a turma os poemas. Filme novamente e exponha as imagens para que todos possam se aperfeiçoar.

Produto final
Sarau infantil.

Avaliação
Observe e registre o avanço das crianças no que se refere à apropriação na forma de se expressar em situações de comunicação formal.
 http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/sarau-infantil-568064.shtml

Fernando Pessoa

Grande á a poesia, a bondade e a dança, mas o melhor do mundo são as crianças.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Questão de leitura

Tiririca errou oito em dez itens. Foi aprovado. Acertou ao falsificar o documento que lhe permitiu obter o registro para ser candidato. Como sempre, não deu em nada. Nem vai dar. Como acusar um cético profissional de falsidade ideológica? Ainda mais um sujeito sincero que jamais escondeu sua ignorância sobre as atribuições de um parlamentar. Muitos deputados não costumam ler o que aprovam ou assinam. Nem saber o que fazem. Vai ser barbada para ele. Brasileiro não lê mesmo. Salvo, numa parte da classe média, Paulo Coelho e Harry Potter. Melhor continuar sem ler. Tudo é questão de leitura. Saiu o resultado do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). O Brasil foi mal ou foi bem? Depende. De quê? Da leitura. Numa leitura otimista ou generosa, fomos muito bem. Apenas Chile e Luxemburgo avançaram mais do que nós. Demos um extraordinário salto de qualidade. Já não somos o lanterninha em Matemática e Ciências. Ufa!
O problema é que sempre há mais de uma leitura possível. Justamente no quesito leitura, sempre tão valorizado, fomos muito mal. Quase metade dos nossos alunos (49,6%) não atingiu o nível básico esperado. É o efeito Tiririca. Vamos ter muito deputado semianalfabeto. O pessoal é inteligente, mas se atrapalha com as letrinhas. É muita letra. O número de combinações possíveis desnorteia a juventude. Tem palavra demais. Os sinônimos confundem as mentes em formação. É tudo muito complexo. O Pisa busca verificar "entendimento, uso, reflexão e interesse por textos escritos, para que se possa obter resultados, para que seja possível desenvolver conhecimentos e potenciais e para participar da sociedade", diz uma professora. Tiririca não entendeu grande coisa e vai participar da elite da sociedade.
Saíram muitas manchetes de jornal sobre os resultados do Pisa. Em algumas delas, tudo é comemoração. Noutras, só derrotas. Velho problema das estatísticas. Os números estão cada vez mais subjetivos. Ainda mais números sobre letras. Ler números embaralha o raciocínio. Cada um lê o que lhe interessa. Tem jovem que pergunta descaradamente: para que mesmo serve ler? Campanhas de estímulo à leitura lembram esses anúncios, repetidos exaustivamente em véspera de feriadão, para diminuir acidentes de trânsito: "Se beber, não dirija". Os motoristas parecem ler o contrário. Questão de interpretação. É um massacre. O número de mortos só aumenta. O melhor caminho para um professor ser detestado por uma boa parte dos seus alunos é obrigá-los a ler.
O Pisa mostra que estamos melhorando. Já sabemos soletrar. Tem deputado que leva menos de dez minutos para ler "Ivo viu a uva". E apenas 30 segundos para decifrar a palavra "emendas". Questionada sobre o nosso péssimo desempenho em leitura, uma especialista afirmou sobre o professor: "Como ele pode exercer o papel de mediador da cultura se ele mesmo não consegue acessá-la?". Por que não consegue? Porque ganha mal. Cultura custa caro. Quem fala em meritocracia, precisa antes meter a mão no bolso. Ler dá trabalho. E emprego. Quem lê, pisa firme. Na Europa.
Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
ANO 116 Nº 72 - PORTO ALEGRE, SÁBADO, 11 DE DEZEMBRO DE 2010

sábado, 11 de dezembro de 2010

A música que entra pelos poros invade nossa privacidade e nos proporciona a busca do "eu interior"

José Saramago

Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não.

Mario Quintana

"Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso ! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Com carinho

Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente em suas costas,
Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos,
E, até que nos encontremos, de novo...
Que Deus lhe guarde nas palmas de suas mãos!
Prece Irlandesa

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Escrever é...

Escrever é …
Escrever é como explorar um cenário.
Detalhes, fascínios, sustos, descobertas,
o que nos espera?
Escrever é descobrir o que conseguimos expressar,
é descortinar aquilo que pensamos
ver e sentir.
Escrever é jogar o jogo
de a alma brincar
de desenhar, às vezes na areia,
às vezes na água, às vezes no ar, e,
outras vezes, no tempo.
Dar-se ao prazer de brincar
é o que preenche a alma.
A verdadeira poesia talvez esteja na brisa
que sussurra na areia o canto do inaudível, ou
talvez esteja no balé das águas em constante movimento,
e não na palavra-poema.
Poesia talvez seja nada mais,
que nossa tentativa de dar vida ao tempo,
quer seja escrita, cantada, silêncio…
no fundo apenas vida poetificada.
Autoria: Herbert Santos
Livro: Estética da Esperança


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Poesia na escola só é válida se não for pra quebrar o encantamento

Cremos que o ponto alto do texto lido retrata justamente a forma com que os professores levam a poesia pra sala de aula, atrelando a mesma a aprendizagem de conteúdos.Dessa forma a escola quebra o encantamento em muitos casos iniciado pelas famílias, que apostam nas histórias,nas poesias,nas canções para transmitir nossa cultura, sem exigir retorno imediato desse aprendizado.O encantamento da poesia não se restringe ao 1° ano escolar, mas sim desde os primeiros anos de vida da criança onde os pais contam e cantam para seus filhos.Aliando a todo esse encantamento temos hoje também a tecnologia, que está ai para transformar nossa prática pedagógica em algo bem significante. Mas para que isso aconteça é necessário que o adulto,  em especial o professor se envolva com a poesia de forma lúdica, para que o aluno possa ter prazer neste tipo de leitura, transformando-se como sujeito leitor e futuro produtor de textos. A poesia tem uma linguagem mágica que leva ao encantamento com o mundo das letras, que é quebrado quando é usada mecanicamente para trabalhar expressões lingüísticas.
Concluímos que a arte pode promover conhecimento, mas é também uma atividade lúdica e para realizar um trabalho rico e voltado para o mundo infantil o professor precisa se “contaminar” com a poesia, sem querer interpretá-la, e sim brincar com a rima, o ritmo, a sonoridade, o desafio das charadas, as parlendas e os adivinhas ...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Como a poesia entrou em minha vida

Precisei responder hoje como a poesia entrou em minha vida.A resposta foi breve quase evasiva, talvez por isso a pergunta continue comigo.
O que é a poesia afinal ?
uma válvula de escape,
um grito de socorro,
um ato de liberdade
ou um gemido de dor que não quer mais ser sufocado?
 A poesia é tudo isso e muito mais..
é sentimento  expresso em palavras
são palavras que talvez nunca ditas serão...
São tesouros de gavetas
para desbravadores de emoções
Não sei como a poesia entrou na minha vida
Nem como a minha vida entrou na poesia
Só sei que faço uso dela
para dar mais colorido ao milagre de cada dia.
Vera Machado

Celso Sisto- Vale a pena conhecer o escritor e suas obras...




quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A presença da Euritmia na Pedagogia Waldorf

O currículo da Escola Waldorf  dá grande importância às matérias artísticas e artesanais, tanto do universo plástico – pintura e desenho (diversas modalidades), escultura (em madeira, argila, metal, pedra), marcenaria, ourivesaria, tricô, crochê, macramé, costura, tecelagem – como do mundo poético/musical/canto, música instrumental, recitação, teatro, que participam do desenvolvimento do jardim ao colegial. Trata-se, até aqui, de artes que vêm acompanhando a humanidade no desenrolar da História há muitos séculos ou, até, há milênios
Dentro do universo das artes musicais, Rudolf Steiner – fundador da Pedagogia Waldorf e da Euritmia – inclui a arte eurítmica como matéria imprescindível no currículo Waldorf, desde a fundação da primeira escola, em 1919.
Num século tão conturbado e acelerado como o nosso, o homem vem sendo crescentemente conduzido por forças extrínsecas à sua personalidade. Sua ação é determinada pela mídia, suas idéias criativas sufocadas pelo processo de massificação que, incrementado pela mais refinada tecnologia, acomete o ser humano – tanto no mundo lá fora como na intimidade do seu lar – impondo-se à sua vida externa e anímica com poder contundente. No âmbito mais amplo, os problemas físicos, ecológicos, econômicos, psicológicos, sociais, políticos e, não por último, éticos crescem assustadoramente. A humanidade assiste aterrorizada à iminência de grandes catástrofes, nos mais diversos setores da vida.

Urge que possamos vislumbrar formas novas – tanto para as grandes instituições da sociedade como para a vida do indivíduo - inspiradas numa visão imaginativa de um futuro mais saudável, formas nas quais o homem possa viver com dignidade e atuar segundo sua tarefa mais nobre de construtor da realidade. Evidencia-se também a necessidade de forças adequadas para engendrar processos que levem do “status quo” a essa imagem do futuro.
Onde vivificar-nos com a seiva de novas idéias? Como realizá-las?
Qual a fonte capaz de cinzelar os instrumentos adequados a transpor o abismo entre idéia e ação?
Ora, entre os três grandes âmbitos do desenrolar da vida humana – Ciência, Religião e Arte – o homem quase sempre crê residir no primeiro a chave para esses mistérios. Se recorre à Religião, é por mera tradição, ou pela fé no poder divino saneador, supostamente incompreensível à consciência humana. E se recorre à Arte, em geral o faz na busca de um passatempo higiênico para suas tensões ou até da expressão desvairada de emoções subjetivas.
A atuação extensa de Rudolf Steiner em relação às artes desvendou à consciência moderna a função essencial do criar artístico. Nele o homem desenvolveu uma consciência processual, aprende a viver no fluir da vida, aprende a pôr o vigor de sua ação a serviço da corrente criadora do mundo, insere-se no atuar de leis universais. No verdadeiro criar artístico, o homem experimenta um poder abrangente, que transcende sua subjetividade, seu egoísmo; o homem conhece o processo que une matéria ao mundo ideal. E uma vez inserido no fluir dos processos, ele aprende a auscultar o desenvolvimento necessário, a “ouvir” o futuro!
Por essa razão as artes ocupam uma posição tão central na Pedagogia Waldorf, já que esta se dedica à informação e, ainda mais, à formação do ser humano em crescimento. E por considerar o homem como dotado de corpo, alma e espírito, todos os esforços devem ser empreendidos para tornar saudável o desenvolvimento físico e fisiológico da criança, para ampliar a sensibilidade da alma e para permitir a expressão criativa, individual da personalidade que se consolida. As artes têm aí um papel central e insubstituível!

Qual é, então, a particularidade da arte eurítmica no contexto pedagógico?

Em primeiro lugar a Euritmia precisa “afinar o seu instrumento” para poder vir a ser como arte. Seu instrumento é o ser humano pleno. Consideremos como se dá essa “afinação’, no tocante ao trabalho com o corpo: nas aulas de Euritmia a criança “dança” poesias, histórias, músicas, pondo seu corpo, dessa forma, a serviço das idéias  de grandes gênios da humanidade. Ao fazê-lo, ela está evidentemente se inserindo nas mais severas leis de ritmos, de contração e expansão, que fundamentam sua saúde. Ao mesmo tempo, está aperfeiçoando sua relação com as dimensões do espaço, já que coreografar uma poesia implica em ocupar conscientemente o espaço segundo as leis da geometria. Os muitos exercícios de destreza e multiplicidade dos conteúdos abordados, tanto poéticos como musicais, tornam o corpo da criança ágil, gracioso, expressivo e versátil. A complexidade das tarefas se apóia nas habilidades pertinentes a cada faixa etária, sendo cada exercício uma conquista, um aprofundamento.
A Pedagogia Waldorf acompanha o desenvolvimento da alma infantil, trazendo-lhe grandes conteúdos advindos da história da humanidade. Em cada ano escolar, a criança recebe alimento anímico de acordo com o tipo de consciência que ela está desenvolvendo. As aulas de euritmia acompanham o currículo central dado pelo professor de classe. Daí sua importância crucial dentro da pedagogia antroposófica. Se, ao educar, estamos formando homens do futuro, temos que lhes dar as condições amplas que harmonizem e enobreçam o seu corpo, que sensibilizem sua alma às nuances do mundo, que permitam ao seu Eu estar presente e produtivo, segundo sua própria deliberação. Pois a sociedade vindoura só será digna se nela puder atuar o homem individual pleno, e se ele souber pôr o seu atuar, de modo altruísta, a serviço do desenvolvimento social.
Uma adaptação do texto editado na revista Chão Gente, n° 12, de Marília Barreto Nogueira, euristmista, participante do Grupo de Euritmia Nascente de São Paulo, e desde 1988 professora da Escola Rudolf Steiner de São Paulo.


A parábola do bem e do mal – uma história para gente grande

Vivia uma vez um homem muito entregue às reflexões sobre o mundo. O que mais inquietava sua mente era conhecer a origem do Mal. Não podia, no entanto, encontrar resposta.
“O mundo é obra de Deus- pensava ele- e Deus só pode conter em si o Bem. Como é possível que do Bem derivem homens maus?“
Sempre refletindo, em vão, não podia encontrar a resposta.
Um belo dia esse questionador divisou em seu caminho uma árvore que dialogava com um machado.
Disse o machado para a árvore:
“O que não podes fazer, eu posso. Posso cortar-te e tu não podes cortar a mim.
E a árvore respondeu para o machado maldoso:
“Faz um ano, um homem com um outro machado tomou de meu corpo a madeira com que confeccionou o cabo de teu machado que me pode ferir”.
E quando o homem pensador acabou de ouvir essas palavras, formou-se em sua alma um conceito não expresso claramente, mas que era a cabal resposta a sua pergunta:
“Como o Mal pode vir do Bem?”
Rudolf Steiner