Vamos começar?
- Não sei, estou com medo!
- Medo de que?
- Medo de doer.
- Um dia você vai ter que deixar.
- Acho que não.
- Confie em mim. Eu vou devagar.
- Como fico?
- Nessa posição.
- Assim?
- Abra mais um pouco.
- Ai, está doendo.
- Agüenta firme, não posso parar
- Não posso agüentar mais.
- Abra mais.
- Está doendo.
- Vou tirar.
- Que alívio!
- Até que não fomos mal.
- Ai, está sangrando.
- Sempre sangra um pouco.
- E se não parar?
- Claro que pára.
- Como você sabe?
- Tenho experiência.
- Está parando.
- Não disse?!
- Quando volto para arrancar o outro dente?
VÔO
Bando de borboletas multicores as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas, as palavras voam.
Voam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as palavras voam.
E as vezes pousam.
(Cecilia Meireles )
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
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